Aos astros

Em noites nebulosas os deuses se divertem. Num sarcasmo excitante interferem na existência. Deformam, destroem, matam e mutilam. Numa dessas noites a lua resolveu lavar as mãos na água, naufragando fragatas na gentileza de seus gestos. O negro do oceano então se tornou um cemitério de eterno luto, de silêncio enfim. No cálido mar se afundou a paixão de um marujo solitário amante do luar. A inconsequente lua tão vaidosa numa noite espreitou em vão pela gana do marujo que a sempre desejou, se viu só em meio ao nada sem ninguém percorrendo sua estrada em fio branco, que sempre se perde ao amanhecer.

Alfredo Braga - Primeira semana de Novembro de 2009